Capitão
infiltrado em ato contra Temer agora é major do Exército
Willian Pina Botelho ganhou novo posto três meses
após vir à tona sua atuação encoberta em São Paulo
São Paulo
4 MAI 2017 - BRT
Willian Pina Botelho
Três
meses após ser revelado que o capitão do Exército Willian Pinta Botelho estava
infiltrado em um grupo de manifestantes detidos ilegalmente em São Paulo, o
oficial foi promovido a major. A oficialização ocorreu via
Diário Oficial do dia 16 de dezembro, passando a valer a partir o dia 25 de dezembro,
"por merecimento", como diz o texto da publicação.
Major
Botelho, em foto no Instagram, quando usava o nome de Balta Nunes.
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No dia 04 de setembro, Botelho, que então se
apresentava como Balta Nunes, estava com um grupo de manifestantes que foram
detidos pela Polícia Militar antes de um protesto pelo fora Temer em São Paulo.
Embora apareça entre o grupo, Botelho foi o único a não ser levado à delegacia.
A
infiltração do capitão foi revelada por este jornal e pela Ponte Jornalismo naquela
semana, o que fez com que fossem abertas investigações do caso pelo Ministério
Público Estadual e o Ministério
Público Federal.
Pressionado, o Exército abriu sua própria
sindicância para apurar a atuação do então capitão. Em março deste ano,
portanto depois que Botelho já havia sido promovido, o
Exército afirmou ter concluído a sindicância. De acordo com as conclusões da corporação, o
capitão estava, de fato, em "atividade de observação de inteligência"
naquele dia, mas, “não há registro” de que aquela atividade foi realizada em
conjunto com a Polícia Militar. O Exército também nega a participação do
capitão nas detenções dos manifestantes, "sendo esta de exclusiva decisão
da Polícia Militar do Estado de São Paulo".
No documento, a corporação contradiz a versão
apresentada pelo comandante-geral do Exército, Eduardo da Costa Villas Bôas,
que disse, em outubro, que
a atuação de Botelho foi realizada junto à Polícia Militar. "Houve, houve, houve uma
absoluta interação com o Governo do Estado", disse Villas Bôas, enquanto a
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo negou a ação em conjunto.
Organização criminosa
No dia seguinte em que os manifestantes foram
detidos, o juiz mandou soltá-los, considerando
a detenção "ilegal". Naquela semana, Botelho, que ainda se apresentava
como Balta Nunes, disse aos amigos que não foi detido porque apresentara um
documento falso à Polícia. Em momento algum ele se identifica como oficial do
Exército ou declara sua verdadeira identidade.
A
ação policial levantou suspeitas de que fora realizado um flagrante forjado, já que
o grupo não portava substâncias ilícitas, apenas levava equipamentos de
segurança, como capacetes, e de primeiros socorros.Sobre isso, o Exército não
se pronuncia. Também não menciona na sindicância a suposta falsidade ideológica
do oficial.
A promoção de Botelho ocorreu um
dia depois que o Ministério Público de São Paulo ofereceu uma denúncia contra o
grupo de manifestantes, acusando-os de organização criminosa. No
documento com data do dia 15 de dezembro, os jovens são acusados de “prática de
danos e danos qualificados consistentes na destruição, inutilização e
deterioração do patrimônio público e privado e lesões corporais em policiais
militares”.
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