Peru suspende teste com vacina chinesa
Estudo clínico com produto da
Sinopharm é interrompido por precaução depois de voluntário apresentar
problemas de saúde. Imunizante já foi aprovado em outros países.
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Voluntário recebe dose da vacina da Sinopharm em Lima |
O Peru anunciou nesta sexta-feira
(11/12) a suspensão temporária dos ensaios clínicos da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinopharm para covid-19, após terem sido detetados problemas neurológicos em
um dos voluntários.
Não se trata, porém, da vacina
Coronavac, que começou a ser produzida em São Paulo pelo Instituto Butantan, na
semana passada. O imunizante adquirido pelo governo paulista foi desenvolvido
pela farmacêutica chinesa Sinovac.
O Instituto Nacional de Saúde peruano decidiu suspender os testes como medida de precaução, depois de um voluntário se ter queixado de dificuldades para mexer as pernas, devido a fraqueza, de acordo com órgãos de comunicação locais.
"Há alguns dias, comunicamos devidamente as autoridades reguladoras de
que um dos nossos participantes [nos ensaios clínicos] apresentava sintomas neurológicos que poderiam corresponder a uma complicação conhecida como Guillain-Barré", explicou o chefe
da equipe de pesquisa principal dos ensaios clínicos da vacina, German Malaga, segundo
a imprensa peruana.
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara, não contagiosa, em que o sistema imunológico do paciente ataca parte do sistema nervoso periférico, podendo levar a fraqueza muscular, perda de sensibilidade nas pernas e braços
e até paralisia.
Em meados de 2009, o Peru tinha declarado emergência sanitária em várias regiões do país devido a vários destes casos.
Casos semelhantes nos EUA
Casos semelhantes ocorreram
durante a vacinação contra a gripe suína nos Estados Unidos na década de 1970.
Cerca de 450 pessoas apresentaram sintomas da síndrome de Guillain-Barré.
Os testes da vacina, realizados
em cerca de 12 mil voluntários, deveriam estar concluídos esta semana.
Em caso de resultados positivos, que não eram esperados até meados de 2021, o governo peruano tinha planeado adquirir cerca de 20 milhões de doses para vacinar dois terços da população
do país.
A Sinopharm usa o método do vírus
inativado para fabricar vacinas. Assim, o ingrediente ativo não precisa
ser resfriado a baixíssimas temperaturas como é o caso do inoculante da
Biontech-Pfizer sendo, portanto, um produto mais fácil de transportar e armazenar.
No entanto, como outros fabricantes chineses, Sinopharm ainda não publicou
quaisquer dados sobre a segurança ou eficácia da substância. A reputação
de fabricantes chineses de vacinas também tem sido afetada
por escândalos envolvendo produtos vencidos ou de baixa qualidade.
Desde o início da pandemia, o Peru registou 36.499 mortes devido ao novo coronavírus e 979.111 casos
de covid-19.
Emirados Árabes Unidos
Os Emirados
Árabes Unidos já aprovaram a vacina da Sinopharm para uso popular generalizado
nesta semana. Na decisiva terceira fase do estudo, foi atestada uma eficácia de
86%, segundo o Ministério da Saúde em Abu Dhabi.
O país também disponibilizou doses da
substância para seu aliado Egito, como um "presente dos Emirados
Árabes Unidos", conforme anunciou a ministra da Saúde egípcia, Hala Sajid,
nesta quinta-feira, após a chegada do carregamento ao Cairo, conforme
noticiado pela mídia estatal. A vacina deve ser disponibilizada gratuitamente
aos cidadãos.
Noticia: Dw.com
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