Candidatos à Presidência da Argentina participam hoje
de debate inédito
- 15/11/2015
12h44
- Buenos
Aires
Monica Yanakiew - Correspondente da Agência Brasil/EBC
Os
30 milhões de eleitores argentinos terão a chance de acompanhar neste domingo
(15) um debate inédito entre os dois candidatos ao segundo turno para a
presidência do país: o governista Daniel Scioli e o oposicionista Mauricio
Macri. O segundo turno das eleições está marcado para o próximo dia 22.
Na
reta final da campanha, os dois candidatos tem aproximado suas posições para
conquistar o eleitorado considerado "de centro”. Segundo a analista
política Mariel Fornoni, o eleitorado argentino está dividido em três partes:
um terço quer manter a atual situação e votará em Scioli; outro terço quer
mudanças e votará em Macri; os demais não querem uma virada abrupta, mas
tampouco aceitam mais quatro anos de Kirchnerismo.
Há
12 anos a Argentina tem sido governada por um casal: Nestor Kirchner
(2003-2007) e sua viúva e sucessora, Cristina Kirchner, que completa seu
segundo mandato no próximo dia 10 de dezembro. Apesar de pertencer ao mesmo
partido que os Kirchner - Partido Justicialista (Peronista) - e de ser o candidato
da Frente Para a Vitoria (FPV) criada por eles, Scioli não tinha a preferência
de Cristina.
“A
presidenta só apoiou Scioli porque não tinha outro herdeiro”, explica o
analista político Rosendo Fraga. “Ele está tentando se diferenciar de Cristina,
para conquistar os votos do centro, mas está enfrentando dificuldades por causa
das divisões entre kirchneristas e sciolistas.”
Scioli
elogia as decisões tomadas pelos governos Kirchner de reabrir os processos
contra os responsáveis pelos crimes cometidos na ditadura; de rejeitar
políticas econômicas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e de
distribuir a renda através de programas sociais. Mas admite que a inflação de
dois dígitos ao ano é alta e que o Indec - instituto que mede o custo de vida e
a pobreza - perdeu credibilidade e precisa ser reformado. Scioli defende ainda
que os controles cambiais, em vigor desde 2011, precisam ser eliminados
gradualmente.
Macri,
fundador do partido conservador PRO e candidato da aliança Cambiemos (Mudemos),
diz que vai acabar com os limites de compra de dólares assim que assumir. Mas
procurou moderar seu discurso de empresário, prometendo manter os programas
sociais e não mexer nas empresas de petróleo (YPF) e de aviação (Aerolíneas
Argentinas), privatizadas nos anos 1990 e estatizadas por Cristina Kirchner.
Nenhum
dos dois – Scioli ou Macri - se considera de “esquerda” ou de “direita”. A
campanha de Scioli tem apostado no medo dos argentinos de que, com um empresário
como presidente, possam viver outra crise, igual a de 2001 - resultado de uma
política econômica neoliberal, que levou a recessão e desemprego. Já Macri acusa
o governo de dividir os argentinos entre amigos e inimigos do governo, em vez
de uni-los para combater problemas como inflação, insegurança e corrupção.
Esta
é a primeira vez na história da Argentina que uma eleição presidencial será decidida
em segundo turno.
Edição: Lílian
Beraldo
0 Comentários