Para entidades, vitória de Trump esfria acordos bilaterais
com os EUA
- 09/11/2016
22h53
- São
Paulo
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Executivos da Câmara Americana de
Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) e da Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp) avaliaram hoje (9) que a vitória de Donald Trump na
eleição presidencial americana deverá esfriar as negociações de acordos
bilaterais que envolvam os Estados Unidos. Para a CEO da Amcham, Deborah
Vieitas, os Estados Unidos deverão se tornar mais protecionistas, caso se
concretize o discurso do candidato republicano em sua campanha eleitoral. No
entanto, o país não deixará de ser um importante parceiro comercial brasileiro.
“Os mega acordos comerciais que
estão pendentes de aprovação, como a Parceria Transpacífico e o acordo em
negociação com a União Europeia, talvez tenham um certo esfriamento, já que as
questões internas nos Estados Unidos devem dominar a agenda do novo
presidente”, diz.
Saiba Mais
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“Eu sei que isso [os grandes
acordos] não será necessariamente a primeira prioridade, e que a perspectiva
para nós chegarmos a um acordo bilateral de comércio com os Estados Unidos se
torna ainda mais longínqua. Mas isso não vai fazer com que os Estados Unidos
deixem de ser um parceiro comercial importante para o Brasil”, disse Vieitas.
Para a CEO da Amcham, a aproximação
regulatória entre os dois países, que envolvem procedimentos regulatórios e de
aduana, deve continuar a evoluir. Segundo ela, os investidores americanos
também devem continuar a ter “cada vez mais apetite” no Brasil. “Entendo que
haverá cada vez mais apetite dos americanos, e de outros investidores, conforme
nós, no Brasil, pudermos ter o programa do presidente Temer tornando mais
concreto e assim como a aprovação das principais reformas que ele propõe",
acredita.
Indústria
Thomaz Zanoto, diretor titular de
Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp) ressalta que os impactos no Brasil da eleição de
Trump deverão ser limitados porque o comércio entre os países é feito
principalmente com a participação de multinacionais americanas instaladas no
Brasil, no chamado "intra company trade". “É a própria multinacional
americana, que tem presença forte no Brasil, que transaciona ou com clientes ou
com a matriz nos Estados Unidos. É um processo interno das companhias”,
destacou.
Para ele, a situação entre os
países é de muita proximidade. No entanto, um acordo de livre comércio não
deverá ocorrer. “Se nós tivéssemos nesse momento negociando um acordo de livre
comércio com os Estados Unidos, em estágio avançado, seria uma pena, porque
talvez o acordo não se concretizasse. Mas isso não está ocorrendo. O trabalho
que temos com muita intensidade com os Estados Unidos é um trabalho muito de
nível técnico, a chamada convergência regulatória”, destacou.
Edição: Amanda Cieglinski
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