Ganha
força movimento argentino para remover homenagens a Kirchner
Reações começaram após os escândalos de corrupção
envolvendo políticos
Publicado
em 03/10/2018 - 11:21
Por Monica
Yanakiew - Repórter da Agência Brasil Buenos Aires
Na Argentina, cresce o movimento
para mudar o nome das ruas, dos edifícios e dos monumentos, batizados de Nestor
Kirchner em homenagem ao ex-presidente, que morreu há oito anos. As reações
ocorrem em meio às denúncias do escândalo dos “Cadernos da Corrupção”, que
resultou na prisão de empresários, políticos e ex-funcionários do governo
argentino.
A ex-presidente argentina e
senadora Cristina Kirchner foi acusada de integrar uma associação ilícita para
cobrar propinas em troca de contratos de obras públicas. Ela é alvo de um
processo na Justiça. Mas como tem imunidade parlamentar está resguardada, por
enquanto.
O escândalo na Argentina é
comparado, por analistas, à Operação Lava Jato, do Brasil. O governo do Equador
retirou um busto de Nestor Kirchner que estava num parque, no norte da capital,
Quito. As autoridades municipais explicaram que a medida foi para “a
preservação do espaço público”.
Estátua de Nestor Kirchner na Unasul - Governo Bolivariano da
Venezuela/Direitos reservados
O Congresso do Equador também
pediu ao presidente equatoriano, Lenin Moreno, que remova outra estátua de
Kirchner do prédio da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), criada em 2008.
Nestor Kirchner foi o primeiro secretário-geral do organismo regional, que
agora está sendo questionado por vários países, entre eles o Brasil.
Polêmicas
Na Argentina, tramitam mais de 15
iniciativas para acabar com os vestígios da era kirchnerista da paisagem
urbana. Nestor Kirchner governou quatro anos (2003-2007), antes de ajudar a
eleger como sucessora Cristina Kirchner (2007-2015). A controvérsia começou em
2013, quando Cristina Krichner retirou a estátua de Cristóvão Colombo da praça
atrás da Casa Rosada – o palácio presidencial.
A decisão gerou protestos da
numerosa comunidade italiana, que há 90 anos tinha presenteado a escultura ao
governo argentino. A estátua de Colombo foi transferida para a margem do Rio da
Prata, próximo ao aeroporto de Buenos Aires, Jorge Newberry.
No lugar do monumento em
homenagem ao descobridor das Américas, que, segundo a ex-presidente da
República, representava o “imperialismo”, foi colocada uma escultura de Juana
Azurduy (1780-1862) – uma guerreira indígena, nascida no que hoje é a Bolívia,
que combateu os colonizadores espanhóis. Ela foi doada pelo presidente
boliviano Evo Morales.
Solução
Porém, a estátua da guerreira
indígena de Azurduy ficou pouco tempo no quintal da Casa Rosada. Assim que
assumiu o governo, em 2015, o presidente Mauricio Macri, que é descendente de
italianos, resolveu a disputa deixando a praça sem estátuas.
Azurduy foi colocada em frente ao
Centro Cultural Kirchner, inaugurado por Cristina, no que era a antiga sede dos
Correios argentinos. Foram apresentadas várias iniciativas para mudar o nome do
prédio, conhecido como CCK, para Centro Cultural do Bicentenário.
Edição: Fernando
Fraga
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